Por Prem Milan
O milagre
Se existe algum milagre é o amor, porque de uma hora pra outra ele contagia o seu ser de uma forma incrível. Você muda até fisicamente – seu corpo fica mais solto, mais leve, você caminha de outro jeito, mudam os seus olhos, a sua respiração… A gente fica mais aberto pra se relacionar com as pessoas, tem mais paciência e, com toda certeza, se torna mais inteligente! Enxergamos as coisas com mais clareza, os preconceitos sucumbem, é um estado mágico. Depois de um encontro profundo fazendo amor, sua pele vira seda, as rugas somem. Realmente o amor é o maior inimigo das fábricas de cosméticos. Você começa a ter insigths. O ritmo da vida muda, o seu conteúdo muda, seu foco vai para as coisas mais essenciais, mais profundas. Ora, isso é ou não um milagre? E acontece tanto com chineses, japoneses, africanos, europeus ou brasileiros, independe de raça, religião…Você tanto quer saber o que é um ‘salto quântico’ – isso é um salto quântico! Você salta e o seu potencial humano real se revela.
O fim da lua-de-mel
Essa energia tão revolucionária normalmente dura de 15 a 20 dias. Por que ela se perde? Por que tudo aquilo que era excitação de uma hora pra outra vira medo? O que antes era confiança vira desconfiança. Aquilo que era aventura, vira perigo; o que era alegria vira preocupação; o que era tesão, prazer, vira obrigação. A liberdade vira restrição. A energia abundante vira um fardo, um peso. Você já se perguntou por que? Por que aquilo que era tão mágico e maravilhoso começa a ser esquecido, vira um contrato não escrito, subentendido emocionalmente? Este é o maior tema que temos que encarar na atualidade, é o divisor de águas de uma vida. O mundo no qual vivemos hoje criou todas as condições para destruir o amor, bloqueá-lo, roubar sua espontaneidade, o deleite, a alegria. Desde nossa educação, desde a atitude de nossos pais quando éramos crianças, com seus exemplos desamorosos, com suas atitudes horrorosas “em nome do amor”, as chantagens…
Amar é perigoso
O amor tem que ser destruído da face da terra. Porque uma pessoa preenchida, que vive o amor, dificilmente vai se adaptar a um sistema anti-natural. Não vai querer viver em gaiola. Vai prezar a sua liberdade acima de tudo. O único amor que é defendido é o da obrigação, da culpa. A igreja, a religião tem feito um papel dos piores nisso tudo. E é óbvio, é o mercado deles, se você for infeliz, você tem que sonhar com o céu. Pessoas satisfeitas, realizadas, já vivem no céu, não vão comprar esse papo de passar a vida pagando prestações de um lugar no céu depois da morte. Hoje falar em ‘amor livre’ é uma ofensa. As pessoas associam imediatamente com pornografia. E o amor existe na liberdade.
Onde começou essa história?
Engels reporta ao tempo de Moisés o início daquilo que conhecemos hoje por família. Foi a forma que Moisés, um líder muito esperto, achou para organizar aquela sociedade caótica na qual vivia. Os filhos eram de todos, não sabia-se quem era o pai, um roubava o outro… Moisés, no meio daquele caos, criou os dez mandamentos. Ele sabia que só uma lei divina teria o crédito do povo, então, com as leis talhadas na pedra, ele aproveitou uma tempestade com relâmpagos, e disse que foi deus que mandou – e todos acreditaram. Pois deus não é uma bem-aventurança, deus é a lei a e a punição. Ora, isso foi 4000 anos antes de Cristo. E os dez mandamentos são válidos até hoje, 6000 anos depois! E nesse quesito nós não evoluímos. Está ali: “não cobiçar a mulher do próximo”, para que a família fosse definida, os filhos fossem definidos. Era necessário passar por uma estrutura monogâmica, não por preconceito, mas por funcionalidade. Ora, se você quer acreditar nisso, acredita… e aproveita pra mandar uma carta pro Papai Noel e pedir um amor pra ti. 6000 anos se passaram e nossa base continua a mesma: a posse, a dependência. Nós não respeitamos as leis do amor. Provavelmente você deve estar pensando: “então vamos voltar à barbárie?” Esse era o papo que os civilizadores europeus e americanos aplicaram a todo o planeta nos anos 60 e olha onde fomos parar.
Quem afirma que ciúme é amor?
De onde se tira uma conclusão dessas? Ciúme é restringir o outro, obrigar o outro a te amar. Quantas pessoas são massacradas pelo ciúme? O amor é liberdade. O que você vai fazer se vê alguém que te toca e você se sente desconectar de uma pessoa e ficar a fim de outra? Merece ser crucificado? A nossa infelicidade começa nesses conceitos equivocados que vão destruindo o amor. Por causa de nossas inseguranças que vem lá da mais tenra infância, o que dói muito olhar, mas dói muito mais destruir nossos amores! A atitude que tomamos transformando nossos amores em relacionamentos com contratos implícitos baseados em preconceitos, medos e num sentimento de inferioridade e incapacidade destrói o amor. Como isso pode levar ao amor? Amar está associado a atitudes extremamente infantis, regredidas. Nós já associamos o amor com dependência.
E a saída?
A gente vai alimentando esta máquina da segurança e deixando o amor de verdade definhar, desistindo dele… um beco sem saída! Ora, tem saída SIM! Mas não dentro de um sistema totalmente contra o amor. O amor é para todas as tribos. O resgate da naturalidade e do amor, sem os caminhos pré-concebidos, e sim pelo deixar fluir vai fazer a grande diferença em nossas vidas. Talvez você esteja tão cético que ache isso bobagem. Ok. Quando estiver indo à farmácia comprar um remédio para aguentar a vida, pense a respeito. Quando estiver se entupindo de comida, maconha, cocaína, enchendo a cara, se entupindo de facebook e tv: pense a respeito.
Belas palavras mas, e na prática?
Conheço muitas experiências de amor que conseguiram se realizar, que conseguiram fazer com que as pessoas crescessem e bebessem esse sumo. Formas nas quais o amor se renova, bem como formas de terminar uma relação que já não tem mais sentido, sem que carreguemos um fardo ou danos terríveis. Aceitar a existência de experiências que deram certo implica em confrontar nossas atitudes anti-amor e sair de nossas zonas cinza de conforto, afinal, pode dar certo pra gente também!
Estão abertos os trabalhos!
Em vários artigos vamos promover a discussão, explorando a influência da infância, dos conceitos assimilados no sistema em que vivemos, e as alternativas. Sabemos que não há uma formula a ser seguida, mas através da discussão, vamos buscar uma luz pra reacender a chama de uma das principais fontes de nossa vida que é o amor. Afinal, a nossa passagem por esse planeta se torna fútil sem vivê-lo.
Próximo artigo Ciúme X Amor.